Carlos Alberto Farracha de Castro

“Crimes violentos, como assassinato, roubo à mão armada e sequestro-relâmpago são comuns em áreas urbanas, dia e noite. Atividades de gangues e do crime organizado estão espalhadas. Assaltos são comuns”.  Lendo esse malsinado cenário, poder-se-ia imaginar que se cuida de uma guerra civil ou mesmo de um território sem governo. Mas não. Cuida-se de nota divulgada pela Embaixada do Estados Unidos em Brasília (11/08/2020) com recomendações para os cidadãos americanos que queiram ou necessitem visitar o Brasil.

Todavia, a sociedade brasileira ao que parece não se preocupa. Prefere discussões outras, como ataques ao Judiciário, à política, retorno dos comunistas (meu Deus!), dentre outros absurdos que não merecem destaque, uma vez que são provenientes de fake news ou de cidadãos dissimulados, para dizer o mínimo.

É fato que a rede mundial de computadores (“internet”) auxiliou a disseminar o acesso ao conhecimento, principalmente daqueles que cresceram sem telefone celular, televisão por assinatura, dentre outros avanços da tecnologia. Ao mesmo tempo, porém, criou uma “legião de imbecis”, como dizia Umberto Eco. Afinal, basta um ignorante que se intitula filósofo ou outro maluco qualquer inserir um pensamento (mesmo que racista ou machista) que automaticamente outros acéfalos acreditarão, divulgando a terceiros, instaurando, pois, uma “legião de imbecis”

Deveriam, isso sim, preocupar-se com questões sérias, a exemplo de políticas públicas para erradicação da pobreza, redução das desigualdades, acesso à educação, preservação do meio ambiente. Somente assim o Brasil deixará de sofrer recomendações pejorativas de embaixadas de outros países.

Chegou o momento de se dar um basta à dissimulação. É preciso levar o Brasil a sério. Não só pensar no futuro, mas principalmente, desde já, evitar a proliferação desses incautos. Nesse particular, causa perplexidade o silêncio daqueles que não comungam com essa trágica realidade.